ATA DA PRIMEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-04-2002.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de abril do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e cinqüenta minutos, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Zé Valdir, João Batista Pirulito, Juberlei Bacelo e Wilson Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Raul Carrion e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou aberto os trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Vereador Nereu D'Avila discorreu sobre a participação do Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e candidato ao cargo de Governador do Estado pelo Partido Democrático Trabalhista - PDT, em reunião-almoço realizada hoje na Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul - FEDERASUL. Também, analisou criticamente as políticas implementadas pelo Executivo Estadual para a área de segurança pública. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças da Senhora Geneci, Coordenadora do Projeto Agente Jovem de Cidadania do Partenon e dos alunos Gisele Oliveira da Silva, Luís Gustavo, Michele Barbosa, Mário Sérgio, Priscila Carolina e Joicelene. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo Danéris chamou a atenção dos Senhores Vereadores para a importância da apreciação dos Projetos de Lei em tramitação na Ordem do Dia que sofreram Veto do Senhor Prefeito Municipal. Também, traçou um paralelo entre as políticas de segurança pública executados pelos Estados de São Paulo e Bahia e pelo Rio Grande do Sul, citando exemplos de projetos desenvolvidos nessa área em Porto Alegre, através da ação conjunta da comunidade e do Poder Público. O Vereador Elói Guimarães, discursando sobre proposta de implantação de pista de eventos na Cidade, manifestou-se contrariamente à decisão da Prefeitura Municipal de Porto Alegre em destinar área localizada no Porto Seco para essa finalidade, afirmando que, no entender de Sua Excelência, esse local não corresponde aos anseios dos segmentos tradicionalista e militar. Ainda, teceu críticas ao Programa do Orçamento Participativo no que se refere à participação democrática da comunidade. O Vereador Wilson Santos teceu considerações acerca do aumento da criminalidade no Estado, discorrendo acerca de políticas de segurança pública adotadas pelo Executivo Estadual. Também, manifestando-se contrariamente ao aumento das tarifas do transporte coletivo em Porto Alegre, discursou acerca de denúncias de irregularidades na aquisição de veículos pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, destinados à empresa Restinga Transporte Coletivos Limitada. O Vereador Pedro Américo Leal, tecendo críticas às políticas adotadas pelos Executivos Municipal e Estadual, reportou-se ao pronunciamento do Vereador Marcelo Danéris no que tange à importância de que sejam desenvolvidos projetos na área de segurança pública através de ação conjunta entre Poder Público e a comunidade. Também, referiu-se à tentativa de homicídio cometida contra o Capitão Jorge Cláudio Jesus de Vargas, da Brigada Militar de Montenegro - RS. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n.º 236/01, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto, por dezoito votos SIM e dez votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Adeli Sell, Clênia Maranhão, Zé Valdir, Sebastião Melo, João Antonio Dib, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Juberlei Bacelo, Maristela Maffei, Fernando Záchia e Maria Celeste e encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Juarez Pinheiro e Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Valdir Caetano e Wilson Santos e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Zé Valdir, João Batista Pirulito e Juberlei Bacelo. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo n.º 236/01, os Vereadores Marcelo Danéris, Beto Moesch, Wilson Santos, Raul Carrion e João Batista Pirulito cederam seus tempos de discussão, respectivamente aos Vereadores Adeli Sell, João Antonio Dib, Luiz Braz, Marcelo Danéris e Juarez Pinheiro. A seguir, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador João Carlos Nedel, solicitando votação em destaque para as alterações decorrentes das Emendas n.ºs 66, 68 e 75, apostas ao Projeto de Lei do Executivo n.º 026/01 (Processo n.º 3738/01). Na ocasião, face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Luiz Braz, João Antonio Dib e Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a necessidade de votação de Requerimentos que solicitam votação em destaque para matérias constantes em Projetos de Lei que sofreram Veto e acerca da possibilidade de votação em destaque para matérias constantes em Projetos de Lei parcialmente vetados. Foi votada destacadamente e aprovada a alteração decorrente da Emenda n.º 66, aposta ao Projeto de Lei do Executivo n.º 026/01, considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ela aposto, por dezessete votos SIM e dez votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilson Santos, Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Zé Valdir, João Batista Pirulito e Juberlei Bacelo e tendo o Senhor Presidente, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Isaac Ainhorn, Sebastião Melo, Marcelo Danéris e Juarez Pinheiro, prestado esclarecimentos acerca do processo de votação dessa Emenda. Foi votada destacadamente e rejeitada a alteração decorrente da Emenda n.º 68, aposta ao Projeto de Lei do Executivo n.º 026/01, considerando-se mantido o Veto Parcial a ela aposto, por quinze votos SIM e dez votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilson Santos e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Zé Valdir, João Batista Pirulito e Juberlei Bacelo. Foi votada destacadamente e rejeitada a alteração decorrente da Emenda n.º 75, aposta ao Projeto de Lei do Executivo n.º 026/01, considerando-se mantido o Veto Parcial a ela aposto, por doze votos SIM e onze votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilson Santos e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Dr. Goulart, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Zé Valdir, João Batista Pirulito e Juberlei Bacelo. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Executivo n.º 027/01, considerando-se mantido o Veto Parcial a ele aposto, por quatro votos SIM e treze votos NÃO, após ser discutido pelo Vereador Marcelo Danéris, tendo votado Sim os Vereadores Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando Záchia e Isaac Ainhorn e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Dr. Goulart, João Antonio Dib, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Paulo Brum, Zé Valdir, João Batista Pirulito e Juberlei Bacelo. Às dezoito horas e vinte e nove minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, João Carlos Nedel e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Com a presença de 23 Sr.as Vereadoras Srs. Vereadores, temos quórum regimental.

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, tivemos hoje, no almoço da FEDERASUL, um espetáculo que honra as tradições políticas do Rio Grande. O Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, pré-candidato do nosso Partido, PDT, ao Governo do Estado, estava agendado, fez a sua palestra dentro da programação que a FEDERASUL tem para os pré-candidatos. Mas o espetáculo foi muito importante no ponto de vista da educação política do Rio Grande do Sul, porque se fizeram presentes dois candidatos: o Sr. Celso Bernardi, já lançado pelo Partido Progressista Brasileiro e já em campanha, esteve prestigiando o pré-candidato do PDT, e o Sr. Antônio Britto, com Deputados do PPS, também prestigiando o evento. Deputados de todos os partidos, Vereadores, presidentes de partidos, lideranças lotaram a FEDERASUL. O Ver. José Fortunati apresentou alguns pontos do programa que será submetido à discussão, inclusive da Frente Trabalhista, se esta se consubstanciar, sem nenhum ato de soberba em relação à discussão dos assuntos do Rio Grande do Sul. Chamou atenção, desde o pronunciamento do Presidente Ruga da FEDERASUL, a questão da segurança. O Presidente Ruga fez fortes críticas ao Executivo e ao Sr. Bisol por assuntos pendentes na Secretaria de Segurança que não foram resolvidos. Aliás, está-se acentuando no Rio Grande, cada vez mais, esta situação, haja vista o que ocorreu, ontem, com um brigadiano, bombeiro, que, além de ter sido assaltado, foi colocado no porta-malas do carro, e depois colocado fogo no carro do brigadiano, do Capitão.

É claro que, entre os fatores da insegurança, ou da falta de segurança, ou do crescimento da bandidagem - não somos obtusos -, há uma predominância muito acentuada de situações ligadas à questão social, ao desemprego, à questão da educação, enfim, à crise que assola o País. É óbvio que isso tem um peso, e, no pré-programa do PDT, o nosso candidato Fortunati colocou com muita precisão essas questões também em relação ao crescimento da violência, só que não é somente isso, porque nesse particular, em que não só assaltaram uma pessoa, no caso um Capitão da Brigada, ainda quiserem destruir o seu patrimônio e a sua vida, isso é caso de bandidagem pura. Não posso crer que quem fez isso tenha uma recuperação, a não ser uma prisão de pena quase perpétua. Porque, com referência a um pai de família, um trabalhador que assalta, pode-se alegar que está assaltando porque é preciso comer, está passando fome, essa é uma questão social a ser enfrentada. Mas queimar o automóvel de um cidadão e tentar queimá-lo vivo junto, essa é uma bandidagem explícita, intolerável e que acentua seriamente a questão da segurança.

Amanhã irá realizar-se, pela própria FEDERASUL, um debate, onde estarão presentes o Sr. Luiz Eduardo Soares, que teve passagem brevíssima por esta Cidade, para mim deixou apenas vagas e pífias medidas de segurança sócio-educativas, válidas, sim, mas pífias, e também o Sr. Eichenberg, que foi Secretário de Segurança no Governo Britto; um representante de São Paulo, Professor em questões de violência, e outro do Rio de Janeiro, ambos de universidades, da USP e da UFRJ; vai ser um debate importante. Nós queremos parabenizar a FEDERASUL por esse debate, ou não foi um debate, porque faltaram respostas para algumas perguntas, mas foi um belíssimo espetáculo de exercício da democracia que o Rio Grande do Sul fornece ao Brasil, ou seja, apesar das divergências, que são válidas, apesar da própria formação da Frente Trabalhista, que está em situação ainda de pendência e de pendenga. Mas foram prestigiar o nosso pré-candidato Fortunati dois praticamente candidatos ou um já assumido, que é o Sr. Celso Bernardi, além de inúmeros Vereadores desta Casa de outros partidos que não o PDT, o que dá a demonstração de que a política tem esse fator que está acima dos partidos políticos e que diz respeito à solução dos problemas do Estado. Portanto, hoje, esse foi um espetáculo que faz jus às honradas tradições deste Estado, apesar das fortes divergências e lutas partidárias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Anunciamos as presenças de pessoas ligadas ao Projeto Agente Jovem de Cidadania do Bairro Partenon. Coordenadora: Geneci; alunos: Gisele Oliveira da Silva, Luís Gustavo, Michele Barbosa, Mário Sérgio, Priscila Carolina, Joicelene. Sejam bem-vindos entre nós.

O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, quero registrar de maneira breve que a função da nossa Sessão Extraordinária, e isso já vai como um apelo ao restante das Lideranças, é para que nós consigamos votar os vetos que ainda restam. Estamos trabalhando para que nós tenhamos para os próximos dias uma ordem de projetos importantes para a cidade de Porto Alegre que sejam votados e apreciados antes do recesso. O Ver. Nereu D’Avila trouxe aqui alguns elementos sobre a segurança, tratou da segurança do Estado, da questão do nosso Assessor especial para os assuntos de segurança em Porto Alegre; nós, do Partido dos Trabalhadores, iremos responder a isso, mas já apelando ao restante das Lideranças no sentido de que, tendo um Vereador da oposição se pronunciado e este Vereador, aqui pela situação, nós possamos, a partir de agora, votar e apreciar os vetos que estão na Pauta.

Quero tratar da questão de segurança, porque no Rio Grande do Sul se desenvolve um Projeto de segurança que tem os seus limites colocados em dois pontos principais: primeiro, uma história de uma estrutura de segurança que precisa ser reformada, no sentido estrutural das próprias polícias e da Segurança Pública, e, segundo, uma questão social fundamental que leva a níveis de insegurança que não são do Rio Grande do Sul, mas, sim, do País.

Quero colocar isso, porque nós podemos traçar um paralelo muito claro com os demais Estados, como o Estado de São Paulo, por exemplo, que vive uma crise brutal de insegurança, que não é a situação que vive o Estado do Rio Grande do Sul. Por sorte, porque somos melhores para isso ou aquilo? Não, porque temos políticas de segurança nesta área. Coloco outro exemplo, a questão do Estado da Bahia, que vive inclusive uma crise brutal das estruturas de segurança pública entre as polícias. Fizeram greves e violentas greves. O Rio Grande do Sul tem uma situação muito melhor que esses casos.

Então, aqui em Porto Alegre, fizemos um projeto piloto e existe uma série de iniciativas que, inclusive, vêm da comunidade; quero citar no caso, por exemplo, a do Parque Chico Mendes, onde há o Projeto SECIPAZ - Segurança, Cidadania e Paz -, que a comunidade puxou conjuntamente com o Poder Público e os órgãos de segurança. Temos lá índices baixíssimos, na maioria dos casos, zero de criminalidade, de estupro, morte, por exemplo, que é um belo exemplo, Ver. Pedro Américo Leal, e lá não se aumentou o efetivo policial, foi um trabalho conjunto da comunidade com o Governo e com os órgãos de segurança.

Temos um projeto piloto que foi implementado na Restinga a partir do assessoramento do Luís Eduardo Soares, que colocou uma outra condição de segurança e que tem resgatado também socialmente alguns aspectos para a população que vive ali, na Restinga. Por mais de seis meses - vou colocar baixo para não cometer exageros e talvez erros -, não houve nenhum homicídio na Restinga durante a implementação deste Projeto. Está sendo feito um trabalho de resgate da juventude, que, a partir das suas iniciativas que envolvem artes e música, resgata não essa juventude para o tráfico, mas, sim, faz com que ela se volte para as artes, para a educação, para projetos de bairros que estão todos envolvidos numa visão de segurança, e isso é bom.

Nós temos projetos em Porto Alegre e no Estado sobre a situação da segurança pública, que tem, na sua raiz, um problema gravíssimo social, senão nós esquecemos que este País vive o maior desemprego da sua história, e o maior desemprego da história só pode gerar mais violência, mais insegurança. E essa situação social, falando apenas do emprego, já é o suficiente para que tenhamos o País em outra condição de segurança. Não podemos olhar este País olhando só o Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul tem políticas e essas políticas têm avançado em relação a outros Estados, e aqui, em Porto Alegre, nós também temos.

Encerro, fazendo o apelo para que, no pronunciamento de um Vereador da oposição e no pronunciamento de um Vereador da situação, a partir de agora, possamos votar os vetos como prioridade nesta Sessão Extraordinária. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, os gastos públicos, as despesas, enfim, devem ser objeto da vigilância permanente da sociedade e dos seus representantes. E a obra pública deve buscar, tanto quanto possível, o maior espectro na sua função.

A decisão de se fazer, no Porto Seco, uma pista de eventos é algo que não está bem analisado, está mal decidido, por inúmeras razões. Uma delas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que nem o desfile tradicionalista, nem o desfile militar se darão lá, vejam V. Excelências. Então, se pretende fazer uma pista de eventos, e nós não podemos nos dar a esse luxo de dispêndio do imposto, do tributo, se não fizermos, em Porto Alegre, uma obra que atenda a essas três vertentes cívico-culturais, que são a Semana Farroupilha, a Semana da Pátria e o carnaval.

Já estive conversando, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com setores da Liga de Defesa Nacional, e o pensamento, Ver. Pedro Américo Leal, das Forças Armadas é o de não desfilar lá. A Semana da Pátria não vai para lá, vai continuar se fazendo aqui, idem com os tradicionalistas, até porque aqui há um pólo de atração, que é a Estância da Harmonia, o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, onde tradicionalmente esses eventos se concentram.

Então, como é que um administrador, que tem o dever do zelo do dinheiro público, decide, quer decidir, quer fazer no Porto Seco? Só para atender ao carnaval? Embora o carnaval seja extremamente importante. Absolutamente, não! E mais, não há unanimidade entre os carnavalescos. E, pelo povo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há segmentos que falam pelo povo, inclusive esta Casa. Esta Casa também fala pelo povo. Então, nós não podemos permitir – este é o termo – que se faça lá no Porto Seco uma pista, um sambódromo, não podemos permitir! Não podemos permitir que se jogue o dinheiro, necessário, que não vai buscar as suas finalidades. Vai para lá o carnaval, fica aqui a Semana da Pátria e a Semana Farroupilha, quando há condições de se fazer o carnaval aqui, onde se fazia. Então, se joga o dinheiro do Município e, de resto, o dinheiro do imposto na correnteza, no ralo. Não é possível! Vai-se fazer uma obra, é magnífico fazer a obra, todos querem a obra, mas essa não atenderá às suas finalidades, não será a pista de eventos. Porque, para ser pista de eventos, têm de levar todos os eventos para lá. E para lá não vai a Semana da Pátria, não vai a Semana Farroupilha. Fica só o carnaval, que não tem a unanimidade dos carnavalescos.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é preciso que o Executivo Municipal comece a tirar a cera das orelhas, está com os ouvidos moucos, como mercador. É preciso que ouça a população e não fique submetido a esse Orçamento Participativo - que eu tenho dito, volto a dizer e vou continuar dizendo -: aparelho participativo, que faz o que o Governo manda, determina. Porque é um parelho dos seus interesses. É o instrumento à altura da sua mão, para fazer passar uma imagem de que em Porto Alegre é o povo que decide. É hora de terminar com isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Wilson Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, foi abordado um tema muito importante, significativo, que é o aspecto da segurança pública. Foi colocado, o que está escancarado nos jornais, da ousadia desenfreada do bandidismo, onde um Capitão da Brigada foi colocado dentro de um carro e ateado fogo.

A sociedade clama por segurança pública. O registro que eu quero fazer são constatações que tenho, e me dirijo também à bancada governista, embora seja da esfera Municipal. Estranho muito que o Secretário Paulo Bisol tenha sempre dado a desculpa de problema social. O social existe, as carências existem, as soluções não estão à nossa disposição com rapidez. Agora, os efeitos têm que ser minimizados, o patrimônio vida, o patrimônio integridade física, a vida normal da sociedade está prejudicada. O banditismo cresceu e o que precisamos do Governo é uma política de resultado, de diminuir os índices de insegurança pública e aumentar a segurança pública. Isso se consegue com ação integrada, Município, Estado, União e todas as forças vivas da sociedade. Pelo voto, o PT em Porto Alegre e no Estado recebeu o poder de coerção e de compulsão para agir em nome da sociedade, e ele tem que ser exercido com competência, porque quem é bom em dar desculpas não será nunca bom em outra coisa. O apelo que faço é no sentido de que se mostrem resultados, a sociedade está clamando por isso.

Outro detalhe que falo é transporte coletivo. Eu, como Vereador, fui autor de dois Mandados de Segurança em relação ao aumento imoral, ilegal das tarifas de ônibus em Porto Alegre. De forma absurda, ilegal e imoral, 12 milhões de dólares foram parar no sistema de transporte coletivo, arrancados dos empresários que pagaram a mais o vale-transporte e arrancados do bolso do usuário – isso é injusto. O Governo Municipal perdeu em todas as instâncias, mesmo tendo conseguido um recurso extemporâneo, perdeu no Supremo Tribunal, e precisa devolver os quarenta e nove ônibus comprados de forma imoral e ilegal para constituir a empresa Restinga. Os 12 milhões de dólares, que em todas as instâncias a Justiça deu como imoral e ilegal, não prescrevem. Vamos providenciar uma ação pedindo a devolução dos 12 milhões de dólares que foram parar no sistema de forma imoral e ilegal. Não se tem como identificar os usuários que passaram na roleta e pagaram essa imoralidade, essa ilegalidade; não se tem como identificar as empresas que pagaram o preço aviltado do vale-transporte. Então, a ação que pretendemos fazer é no sentido de que a devolução seja feita em benefício de uma entidade assistencial, mas não podemos permitir que, depois que todas as instâncias da Justiça mostraram que foi feito um enriquecimento ilícito das empresas, essa situação permaneça.

Eu espero voltar a esse tema, para que se enseje a quem quiser debater e discutir esse assunto que o faça. Fica este registro, que é grave. Isso tem de ser corrigido. Quarenta e nove ônibus que constituíram a Restinga têm de ser devolvidos e 12 milhões de dólares têm de voltar, não podem voltar ao bolso do usuário nem das empresas, mas que volte para alguma entidade de assistência social. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Marcelo Danéris esteve aqui balbuciando, tentando explicar a situação em que o Estado se encontra no que se refere à segurança pública. É difícil ele conseguir fazer isso, quando temos notícia de que há dois dias um Capitão da Brigada Militar, servindo em Montenegro, foi abordado em uma sinaleira de Canoas, colocado no porta-malas do seu carro, e os facínoras, os bandidos queimaram o carro, pouco se importando com o que iria acontecer com o Capitão. Mas isso acontece todos os dias. Essa é a história da Cidade; é a história do Rio Grande. O Rio Grande, nessa visão socialista que o PT conseguiu instalar no Estado, obteve isso, e nós estamos para espreitar e chegar à conclusão do que é que não vai acontecer nas eleições. Eles agora conseguiram um artifício. Colocaram Olívio Dutra no escaninho e sacaram Tarso Genro. E estão achando que, com isso, eles iludem a sociedade diante do fracasso que foi essa instalação de um governo socialista neste Estado. Vejam bem, hoje, está descendo um cidadão que esteve, lá, na Igreja da Natividade, não sei fazendo o quê? Há três semanas ele está lá ao lado do Arafat, fazendo o quê, eu não sei. Entregou a bandeira do MST para o Arafat, o Arafat não sabia o que fazer, beijou a bandeira e tudo ficou por isso mesmo. Está descendo aqui, se não me engano, desceu hoje, pela manhã. O Estado está numa balbúrdia, só quem não vê isso é o Partido dos Trabalhadores.

Mas eu desejo falar sobre segurança, alguma coisa eu conheço de segurança. Os senhores não tenham dúvida, sem efetivo, nós não podemos fazer segurança. Mas como é que os senhores querem fazer segurança sem efetivo? Os senhores querem montar um bar sem garçons, os senhores querem montar um hospital sem médicos. É impossível, sem os senhores completarem o efetivo da Brigada Militar, que são trinta e quatro mil homens, que já é deficiente, e que está, hoje, em vinte e oito mil, faltam seis mil brigadianos. A Polícia Civil está pela metade dos efetivos, tem cinco mil e trezentos e são previstos doze mil homens. Sem que instalem isso, sem que revigorem, sem que retribuam à sociedade um efetivo plausível não conseguem fazer segurança. Eu disse isso aqui, quando o Governo Federal tentou me mostrar que ia fazer um plano de segurança nacional, eu disse: mas, sem completar o efetivo das polícias dos Estados, não é possível – e não deu outra.

O que é feito do Plano de Segurança Nacional? Eu não sei. Eu tenho perguntado a todos os candidatos ao Governo do Estado, perguntei ao ilustre Ver. José Fortunati, o seguinte: “Qual é o seu plano para completar o efetivo da Brigada Militar e da Polícia Civil?” Ele me respondeu, o Celso Bernardi me respondeu, outros têm me respondido. Sem isso não é possível fazer-se segurança, Ver. Marcelo Danéris, sem V. Ex.ª colocar efetivo. Onde é que está a Brigada Militar na Cidade? Onde estão os brigadianos? A Brigada não tem mais a responsabilidade de fazer trânsito. Trânsito é com os azuizinhos que estão sublevados, pelo que vejo, pelo que sei. A Brigada Militar não tem de fazer mais trânsito, sobram então mil homens, e o que é feito dos mil homens, onde está a Brigada Militar? Os senhores conseguem me dizer se vêem brigadianos pelas esquinas, pelas ruas? Não. A Brigada desapareceu, existia mais brigadiano no meu tempo do que existe agora, a Brigada encolheu. Eu não entendo que a Polícia Civil tenha desaparecido. Falta entusiasmo, o Secretário de Segurança “desentusiasmou” todas as polícias e deu este merengue, esta confusão que está no Rio Grande do Sul, e que eu espero que não reproduzam nas eleições que vêm agora, elegendo um Governador do PT. O repto é para os senhores. Se reelegerem um Vereador do PT, a confusão vai permanecer, e querem isso? Insegurança na Cidade, vendendo coisas em bodegas, em vendas, em farmácias com grades, todos sendo violentados. As meninas são estupradas, durante a noite, quando vão pegar um ônibus. Os senhores decidam isso, reelejam o PT e terão o caos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3454/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 236/01, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que dispõe sobre o fornecimento de troco nos estacionamentos rotativos pagos, em vias e logradouros públicos, no Município de Porto Alegre.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria em 19-04-02, os Vereadores A.Sell, E.Xavier, L.Braz e J.A.Dib.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral e votação nominal o PLL n.º 236/01, com Veto Total. Lembrando que já discutiram a matéria, em 19.04.2002, os Vereadores: Adeli Sell, Estilac Xavier, Luiz Braz e João Antonio Dib.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Câmara de Vereadores volta a discutir hoje Projeto que envolve os parquímetros, um veto à proposta da Ver.ª Clênia Maranhão, que tem uma tradição nesta Casa na luta em Defesa dos Consumidores, luta que nós respeitamos profundamente. Alguns Vereadores às vezes não se dão conta de que esta Casa tem hoje maioria de oposição que impõe aqui questões que, a nosso juízo, inclusive, não são de interesse da Cidade. Lembro aqui, por exemplo, de quando se derrubou o Veto do Prefeito à questão da poluição visual, ou seja, a possibilidade de propaganda ao ar livre. Lembro de quando se cometeu o crime, Ver. Pedro Américo Leal - que falou em crime pouco tempo atrás -, aqui, de possibilitar-se a colocação de painéis na beira de viadutos, próximos de pontes, na margem do rio Guaíba, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. O Ver. Nereu D’Avila, naquele momento, não estava no Plenário, eu lembro que não apreciou este Veto. Mas, Ver. Nereu D’Avila, é importante que se diga que esta Cidade foi penalizada pela maioria desta Câmara, quando permitiu que a vinte metros de túneis...

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: V. Ex.ª não estava no Plenário, eu disse. Eu disse que V. Ex.ª não estava no Plenário, então, V. Ex.ª não pode ter votado, Vereador. Ver. Nereu D’Avila, eu apenas argumentei que V. Ex.ª não estava no Plenário, mas estou colocando para V. Ex.ª o absurdo que foi esta Cidade ser penalizada com a possibilidade de colocar-se painéis gigantescos, porque foram aumentados os tamanhos, às margens do rio Guaíba! Isso apenas demonstra que esta Câmara de Vereadores, buscando impor a sua maioria, por vezes comete equívocos. Mas acho que todos, individualmente ou coletivamente, cometem equívocos. Não é o caso agora do Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão, e eu não estou fazendo nenhuma correlação, apenas, Ver.ª Clênia Maranhão - a quem já elogiei por sua luta em defesa dos consumidores -, quero fazer uma ilação no sentido de que se esta Câmara tem as suas competências e usa da sua maioria, o Poder Executivo, com base na Constituição Federal, com base na Constituição Estadual, com base na Lei Orgânica - e aqui o Ver. João Dib defende e diz que as questões têm de ser legais e regimentais -, constitucionalmente, pelo Código Nacional de Trânsito, pela Lei n.º 8.133, que foi votada por nós na legislatura anterior, é o órgão que tem a competência constitucional e legal de fazer a implantação dos parquímetros. Porque o Ver. Sebastião Melo, às vezes, não entende muito bem isso, ele quer governar a Cidade não tendo ganho nas eleições passadas o Poder Executivo. Ele quer governar daqui, trazendo para o Poder Legislativo competências que, constitucionalmente, pelo estado democrático de direito, pertencem a quem ganhou, legitimamente e com sobra, o processo eleitoral para dirigir a Cidade.

Eu faço essas observações, Ver.ª Clênia Maranhão, porque, como eu já disse, reconheço o trabalho de V. Ex.ª na área de defesa dos consumidores, mas o Vereador desta Casa, meramente do ponto de vista de ordem jurídica, de acordo com o Código Nacional de Trânsito, de acordo com as competências estabelecidas pelos artigos 22 a 24 da Constituição Federal e de acordo com a Lei n.º 8.133, não tem a competência legislativa para iniciar esse tipo de matéria que é dada de forma clara a quem ganhou as eleições para o Poder Executivo desta Cidade. Do ponto de vista de mérito, nós temos de deixar claro que os parquímetros, e isso a Vereadora realmente nunca contestou aqui, são instrumentos de aplicação do princípio da igualdade, ou seja, possibilitam a todos os cidadãos o acesso igualitário ao bem público que são essas áreas que pertencem a todos; com isso desenvolvendo o comércio, melhorando a sinalização das ruas. Quanto a outro aspecto que, de forma precípua e perfunctória, foi colocado pela Vereadora, já estão sendo instaladas, na Cidade, maquininhas que trocam papel-moeda por moeda de metal, e nós sabemos, todos, que o problema do troco não é problema dos parquímetros, é problema de fundo, é problema econômico, é problema da moeda brasileira.

Então, Ver.ª Clênia Maranhão, respeitando profundamente o seu trabalho e o Projeto, no ponto de vista de ordem constitucional, no ponto de vista de ordem legal, não tem a Câmara de Vereadores a competência para iniciar este tipo de matéria. E, no ponto de vista do mérito, que a Vereadora abordou, quero dizer que nós já tomamos a iniciativa – o nosso governo – no sentido de instalar maquininhas próximas a esses equipamentos para que seja possível a troca do papel-moeda. Portanto, nós defendemos aqui a manutenção do Veto aposto pelo Sr. Prefeito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Adeli Sell está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Marcelo Danéris, para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. ADELI SELL: Caro Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores. Nós voltamos a debater, a discutir com os nossos colegas e com a população esta proposição da Ver.ª Clênia Maranhão. Eu já disse, Ver.ª Maranhão, não vou entrar na discussão sobre a natureza desse tipo de Projeto, porque o Ver. Juarez Pinheiro, meu colega que me antecedeu, sabe que eu, diferentemente dele - eu o respeito, ele é um jurista, é muito atento às questões de constitucionalidade -, defendo, inclusive, os projetos autorizativos. Nesse caso não se trata bem de um projeto autorizativo, até porque ele é impositivo.

Mas parece-me que, mais do que um Projeto de Lei, caberia um movimento da Vereadora e de nós, Vereadores - já foi feito pela população de forma correta e ousada -, no sentido de exigir o troco nos parquímetros. Dez dias atrás, na segunda-feira passada, os jornais da Capital noticiaram, com muito destaque, o que a Prefeitura já está fazendo.

Portanto, o motivo da preocupação da Vereadora está sendo sanado, e não se tratava de um problema da Prefeitura, propriamente, da EPTC, como, também, não necessariamente da empresa terceirizada que venceu essa licitação. Nós temos, sem dúvida nenhuma, problemas de troco. Nós temos uma moeda. Nem sempre a Casa da Moeda do Brasil emite cédulas, moedas menores, e nós acabamos tendo esses lastimáveis transtornos. Agora, nós deveríamos, inclusive, em virtude dessa preocupação, propor uma moção. Vou propor uma moção, um Requerimento à Casa da Moeda do Brasil para que haja mais cuidado, mais preocupação com os cidadãos brasileiros, e que tenhamos disponibilizado, em qualquer casa bancária, a partir do Banco Central do Brasil - que faz a distribuição da moeda que vem da Casa da Moeda -, o troco. Nós encontramos essas dificuldades até, às vezes, em agências bancárias. Então, eu acho que sim, devemos fazer esse movimento.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. ADELI SELL: Não é um absurdo, Ver. Antonio Hohlfeldt! O Ver. Antonio Hohlfeldt, que sempre reclama dos apartes anti-regimentais, no que lhe dou razão, hoje caiu nessa questão também. Nós queremos dizer que somos solidários, estamos nessa batalha juntos, porque queremos o bem-estar da nossa coletividade. Nesse sentido, vamos acompanhar o Veto do Sr. Prefeito Municipal, porque não nos parece correto dar guarida a esse Projeto de Lei, até porque não nos parece caber, necessariamente, um Projeto de Lei, nessas circunstâncias. Inclusive, aqui, se discutiria, teríamos uma discussão mais teórica, e é bom que a população que nos assiste pela TV Câmara atente para essas questões. Um Legislativo não é apenas um lugar de fazer leis, de revogar leis, de fiscalizar leis, mas, muito mais do que isso, temos de ter uma ação propositiva, propor coisas no cotidiano, independentemente, e muitas delas podem ser feitas por meio dos próprios projetos de lei ou por meio de leis que já existem. Portanto nós temos de fazer muito mais uma cobrança cotidiana para esse tipo de mecanismo.

Eu deixo, portanto, aqui, a nossa posição de acompanhar o Veto do Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, como autora do Projeto, para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, eu estou aqui para discutir o Veto do Sr. Prefeito a um projeto de minha autoria, Projeto que tramitou nesta Casa desde agosto de 2001, que trata da possibilidade de os usuários, consumidores, dos motoristas de Porto Alegre não serem prejudicados quando as máquinas, as concessionárias do Poder Público não tiverem troco para devolver naquelas ruas da Cidade, onde é exigido o pagamento através dos parquímetros. Eu vou aqui discutir as idéias políticas trazidas pelo Ver. Juarez Pinheiro, pelo Ver. Adeli Sell, porém não vou me reportar às grosserias trazidas aqui, pelo Ver. Estilac Xavier, na Sessão anterior, que, de uma forma absolutamente inexplicável, num nervosismo incompreensível, dizia que o nosso Projeto invade as prerrogativas do Executivo. Tratar de preços de concessionárias é uma atribuição desta Casa, e, ao contrário do que dizia o Ver. Estilac Xavier, o Projeto ameaçava a harmonia entre os Poderes. Um Projeto que trata de troco ameaçar a harmonia entre os Poderes é, no mínimo, uma piada. Eu sei que é muito frágil a harmonia entre os Poderes Legislativo e o Executivo de Porto Alegre, mas não é por nossa responsabilidade, é conseqüência da intransigência dos governos totalitários que propiciam esse tipo de atrito. Portanto, o meu Projeto se refere ao direito que deveriam ter todos os motoristas de Porto Alegre, que quando pagam os seus parquímetros, são obrigados a ter as notas que são exigidas pelas máquinas colocadas pelas concessionárias do Poder Público. O que nós temos de discutir com esse Projeto é a deficiência do planejamento de trânsito e do estacionamento, que são as causas da situação caótica dos congestionamentos na nossa Cidade. O problema é que a população de Porto Alegre gasta uma boa parte da sua renda mensal no pagamento de tarifas e tributos, tributos cobrados pela Prefeitura de Porto Alegre. Além do mais, os motoristas, eles não podem ser penalizados por uma deficiência, porque afinal de contas o estacionamento rotativo pago foi feito para democratizar a utilização do espaço público, deveria servir para facilitar a vida do cidadão, dos motoristas e não para complicar e criar problema para aqueles que são obrigados a estacionar seus carros nas ruas onde a Prefeitura deu permissão às empresas privadas de colocar os parquímetros.

O usuário do estacionamento não é diferente do usuário do transporte coletivo, pelo princípio da igualdade, ambos têm os mesmos direitos, o direito ao troco. E o que estamos propondo neste Projeto é nada mais do que a empresa concessionária responsabilizar-se pelo provimento dos meios que permitam ao usuário estacionar seus carros mediante uma tarifa estabelecida. Em outras palavras, o que estamos querendo é que em Porto Alegre, aquela lei, que foi garantida por esta Casa, que é a Lei do Troco para os transportes coletivos, ela também seja uma lei equiparada a essa, similar a essa - é uma lei, inclusive, de autoria do ex-Vereador Pedro Ruas - e que seja uma lei que garanta o troco aos usuários do transporte coletivo e também aos usuários dos parquímetros, quando usam o espaço público para estacionar o seu automóvel.

Tratamos aqui de tarifa, tratamos aqui de uma atribuição que deve ser discutida por esta Casa. Isso não fere a nossa responsabilidade. Isso é atribuição dos Vereadores e o Projeto de Lei, de minha autoria, na verdade, é um Projeto de Lei que vem da demanda da sociedade, que vem dos motoristas que precisam ir ao Centro; das mães que necessitam levar seus filhos ao médico e não podem estacionar os automóveis na porta dos consultórios, quando não têm as moedas que são preestabelecidas pelas empresas concessionárias do Poder Público, da Prefeitura de Porto Alegre por intermédio daquelas máquinas.

Então, os interesses tributários, os interesses financeiros – mais uma vez – foram colocados acima dos interesses sociais, dos interesses dos usuários, dos consumidores desta Cidade.

Portanto, Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores é esse o significado deste Projeto que foi vetado, infelizmente, pelo Sr. Prefeito. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este debate é muito interessante. Certos Vereadores vêm aqui e falam na questão tributária e na carga tributária dos Municípios e esquecem de falar do maior peso tributário que recai sobre a população de Porto Alegre, que são os impostos federais, que são os tributos federais. Esquecem de falar que, de tudo o que é arrecadado no País, 63% vão para a União, e os Municípios só ficam com 14%. Essa é a realidade do Brasil. Casualmente, os que vêm aqui fazer essa discussão simplista são os mesmos cujos partidos, no Congresso Nacional, dão sustentação a essa fúria tributária nacional, a esse esmagamento dos Municípios pela CPMF e a tantas outras malandragens que são colocadas pelo País afora. E, aqui, no Município, falam como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre isso que está posto. Na discussão deste Projeto, cabe muito bem aquela frase que o Ver. João Antonio Dib cunhou: leis não são histórias em quadrinhos, feitas em quantidades para agradar. O Ver. João Antonio Dib, com quem temos divergências porque ele secundariza o papel legiferante do Vereador, exaltando apenas seu papel fiscalizador, quando chama a atenção para o excesso de leis, para o excesso de iniciativa legiferante do Parlamento Municipal, ele tem razão. Às vezes, determinados assuntos até tolero, acho que são importantes algumas iniciativas no Parlamento Municipal para suscitar o debate, chamando a atenção do Executivo para que ele aja. Agora, este Projeto não acrescenta nada, porque o Executivo já está agindo, simplesmente por isso. É um Projeto de Lei que traz um paralelismo com uma ação que já está em andamento por parte do Executivo. Então é um Projeto - independente da questão da legalidade, que já foi abordada, independente da questão de invadir competência do Executivo - absolutamente desnecessário, pois o objetivo – se é que o objetivo é esse – de chamar a atenção do Executivo para esses problemas já ocorreu. Esta iniciativa já está em andamento. Os jornais, inclusive, publicam: “Trocador de dinheiro vai ser adaptado, há iniciativas do Executivo nesse sentido”. Portanto, ele é um Projeto apenas para fazer algum tipo de disputa. Isso é legítimo, claro que é legítimo! Ninguém está tirando a legitimidade, mas o Veto do Prefeito está corretamente aposto, seja pelas questões legais, seja pelas questões de mérito. Se há um problema na Cidade e esse problema já está sendo solucionado pelo Executivo, não há necessidade de se fazer uma lei para conseguir aquilo que já está sendo feito pelo Executivo. Acho que aí o Ver. João Antonio Dib tem toda a razão quando reclama do excesso de leis e da fúria legiferante que, às vezes, assoma a esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, nada melhor do que um dia depois do outro. O PT, quando na oposição, está sempre na defesa do pacto federativo, na defesa dos Municípios. Agora, quando está no governo, ele é extremamente imperial. A Constituição de 88 estabeleceu, no art. 30, de forma clara, meridiana, cristalina, que, para aquilo que é de interesse local, tem de haver legislação local. E aí o jurista Ver. Juarez Pinheiro insiste em nos convencer, com o seu brilhantismo - a mim não convence -, de que o Código Nacional de 97 resolveu essa questão. Eu quero dizer, Ver. Juarez Pinheiro, que levei à Mesa Diretora e a Mesa votou o Parecer. Eu pedi que a Mesa entrasse com uma ADIn para derrubar a instalação dos parquímetros, de forma ilegal aqui na Cidade. A Mesa teve um entendimento, com o voto divergente do Presidente Fernando Záchia, a maioria da Mesa acatou que a Mesa não deveria. E este Vereador, como pessoa física, não tem legitimidade para fazer isto. Eu não estou dizendo com isto que sou contra o parquímetro; eu sou contra esse autoritarismo que o seu Governo implanta na Cidade. Porque tudo isto que está sendo discutido aqui, agora, poderia ter sido muito melhor elaborado se a cidadania, se o conjunto da Cidade e se essa Casa tivessem discutido. Por exemplo: como é que o V. Ex.ª defende que uma empresa privada cobre multa? Não sei onde é que está a legalidade disso. Essa empresa que administra o parquímetro é uma empresa privada, e o senhor sabe que empresa privada não pode multar, que só quem pode multar é o agente público; no entanto, eles multam.

O parquímetro é uma substituição da Área Azul, e, aliás, diga-se de passagem, desumanizou a Área Azul, porque tínhamos aqueles que vendiam os talões e, portanto, era mais emprego para a Cidade. Botaram as máquinas, e essas máquinas evidentemente trazem alguns benefícios, mas trazem muito mais prejuízos. Mas a busca fiscalista do Município é gananciosa, ela não pára. Quero dizer que esta Casa tem competência sim. E até quero ler, porque, talvez, alguns Vereadores podem não ter lido: “Compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local.”

Digam-me uma coisa, Srs. Vereadores, Sr. Presidente da Comissão de Justiça, esse assunto é do interesse da União, do interesse dos Estados ou é de interesse local? Se é de interesse local, desculpem-me, mas, esta Casa tem toda a competência para legislar. Não é o fato de o Código, que é uma lei infraconstitucional, portanto abaixo da Constituição, que é uma lei de 97, ter regulamentado, porque em nenhum momento o Código diz que a Câmara de Porto Alegre, ou qualquer Câmara de Vereadores, está excluída pelo fato de ter sido editado um Código Nacional de Trânsito. É evidente que não! Se fosse assim não precisaríamos ter votado a lei da EPTC, porque estaria resolvida a questão do trânsito pelo Código Nacional; não precisaríamos ter votado nenhuma lei de trânsito nesta Cidade, se essa é a tese.

Digo mais: temos aqui na Casa um projeto tramitando, que vai mais além. Achamos, por exemplo, que, se o interesse do Município é realmente fazer com que o uso do espaço público seja democratizado, a primeira meia hora de quem usa o parquímetro não deveria ser paga, porque, nesse tempo, o cidadão vai comprar uma revista, fazer um pagamento. Isso, se for para democratizar. Agora, se a finalidade é só arrecadatória, aí temos que discutir. Segundo, se o cidadão atrasar, hoje, um minuto para buscar o seu carro, quando pagou por trinta minutos ou por uma hora, ele é multado em 5 reais, multa essa que não poderia ser praticada, executada, porque é de uma empresa privada. São 5 reais, absolutamente desproporcional quando você tem uma lei federal que diz que a multa pode ser só de 2%. Vejam bem, não procedem as argumentações feitas, aqui, pela bancada governista. Eu quero dizer que o Projeto tem toda a fundamentação, e esse Veto deve ser derrubado, sim, a não ser que esta Casa entenda que resolver a questão do troco daqueles que estacionam nas vias públicas de Porto Alegre não é de interesse local. Se não é de interesse local, desculpem-me, então eu mudo de idéia e posso até mudar meu voto, mas eles têm de nos provar o contrário, com argumentos, com fundamentação jurídica, porque não é na “operação lero-lero” que nós vamos entrar. Mais do que isso, eu tenho visto aqui, com todo o respeito, projetos da bancada governista, que são projetos autorizativos, sem nenhuma fundamentação; no entanto, quando vêm da bancada do governo, os projetos são bons, têm sustentação, têm discursos, e, portanto, são sustentados nesta tribuna. Sr. Presidente, quero dizer que nós nos vamos posicionar para derrubar o Veto, pois achamos que o Projeto facilita e ajuda a cidadania de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Beto Moesch inscreve-se e cede o seu tempo ao Ver. João Antonio Dib. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total, por cessão de tempo do Ver. Beto Moesch.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu preciso fazer algumas colocações. Em primeiro lugar, realmente eu sou contrário à excessiva, à grande quantidade de leis que se fazem neste País, inclusive nesta Cidade - isso é verdade. Em segundo lugar, eu sou favorável aos parquímetros. Aqueles que acompanham aquela coluna do jornal Zero Hora, Trinta Anos, poucos dias atrás, poderiam ler que, há trinta anos, o meu projeto para a instalação de parquímetros na área central da Cidade foi rejeitado pela Câmara Municipal. Portanto, eu sou favorável.

Agora, quando eu pretendi colocar parquímetros, para estabelecer estacionamento temporário pago, não era para fazer fonte de renda para a Prefeitura; era para simplificar o estacionamento dando melhores condições de fluência ao trânsito. Aqui foi feito, evidentemente com todas as letras, um projeto, uma concorrência com fotografia marcada e com preço duplicado. Se essa entidade que ganhou, com fotografia, a concorrência, tivesse bom senso, a Ver.ª Clênia Maranhão não teria de fazer o Projeto de Lei, porque, se tem gente lá cuidando para multar indevidamente, poderia dar o troco, poderia ter troco para dar para os usuários. Mas, como o interesse não é melhorar o trânsito, não é dar mais fluência ao trânsito, então o negócio é apenas cobrar e multar.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se nós temos uma Procuradoria com sessenta Procuradores, se nós temos um Projeto de Lei criando cargos de Assessores Jurídicos para a Prefeitura, mais Procuradores e mais Procurador-Adjunto, é preciso que o Prefeito use essa gente. Não pense o Prefeito que não assumiu a Prefeitura, que foi embora, mas que mandou o Veto, não pense ele que, sendo eu engenheiro, não sei um pouquinho de leis, ou que qualquer um dos outros 32 Vereadores não saibam das leis. Sabem, sim. O Prefeito foi quem assinou sem ler, porque, se lesse, como advogado emérito que é, com um enorme escritório de advocacia, não assinava. Veta-se por duas razões tão-somente: contrário ao interesse público ou inorgânico. Ele não disse que era contrário ao interesse público; pelo contrário, ele disse: “...em que pese o mérito da matéria ora analisada.” Então, não era contrário ao interesse público. Aí ele pode vetar por inorgânico. E ele diz: “Também importa referir o art. 24 da Lei Federal n.º 9.503...” É o Código de Trânsito Brasileiro. Agora, quanto ao Procurador, ele também tem de dizer qual é o inciso. Não tem que mandar ler todo o art. 24. É o inciso X: “Implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias compete aos órgãos do Município.” Tudo certo, ninguém diz que não compete! Ele diz ainda que também importa referir o art. 2º da Lei Orgânica, sobre a independência dos Poderes. “O Município se constitui de dois Poderes que são independentes, mas harmônicos.” E ele continua, na forma do art. 8º, incisos VII e XIV que dizem que “a autonomia do Município se expressa através de eleição dos Vereadores...”, etc. e tal; “... inciso VII - dispor sobre a administração, utilização e alienação de seus bens tendo em conta o interesse público...” Interesse público ele disse que já tinha; não estamos contrariando nada. “... regulamentar e fiscalizar a utilização dos logradouros públicos especialmente no perímetro urbano.”

O Vereador não está interferindo, o que é preciso é darem troco para que as pessoas possam utilizar essa máquina colocada para ganhar mais dinheiro para alguém, não para a Prefeitura. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total, ao por cedência de tempo do Ver. Wilson Santos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu ontem, Ver.ª Clênia Maranhão, me lembrei muito de V. Ex.ª, porque fui à Assembléia Legislativa, a uma das obrigações que tive que cumprir na tarde de ontem, e deixei meu carro ao lado, em uma das vagas desse tal estacionamento. Eu subi e desci rapidamente e, quando cheguei ao carro, estava lá aquele papelzinho cruel informando que eu teria de depositar o valor da multa. Essa multa que é cobrada, e eu quero dizer que não vi ninguém quando eu subi, procurei até ver se havia alguém, mas eu acho que estava escondido em algum lugar, porque eles se escondem para poder cobrar uma multa. Quando eu desci, estava lá o papelzinho. O cruel disso, Ver.ª Clênia, é que não basta o cidadão ter 5 reais no bolso para pagar a multa. Não, se ele tiver 5 reais e quiser pagar a multa, ele não tem para quem pagar, porque o cidadão, que está lá, se escondeu de novo. Ele se escondeu de novo! Você tem que arrumar 5 reais em moeda. Eu pergunto, eu faço um desafio aqui neste Plenário: quem é que tem no bolso 5 reais em moeda? É difícil acontecer isso! Hoje, os supermercados já são contrários também a esse tipo de legislação e até são resistentes: quando alguém entra para tentar pegar moeda, não cedem. Então, quer dizer, o cara está condenado a pagar aquela multa maior, Ver. João Dib, que é de 80 reais, e assim vai enriquecendo a Administração chamada Administração Popular. Isso, Ver. Juarez Pinheiro, é extremamente inconstitucional! Obrigar o cidadão a ter 5 reais em moeda para pagar uma multa, se ele atrasou um minuto para poder voltar até o seu carro, é extremamente inconstitucional! Cairia em qualquer tribunal, Ver.ª Clênia! Só que o pedido de recurso tem que ser feito para onde? Para a área administrativa. E a gente sabe que na área administrativa as pessoas são contratadas e orientadas para não dar guarida aos recursos, mas para, simplesmente, fazer com que todos os recursos caiam ali na área administrativa.

Geralmente, o cidadão não quer ir até a área judiciária, não quer entrar no judiciário. Então, ele resolve pagar a multa e aí vai enriquecendo essa tal de Administração Popular.

Eu digo o seguinte: isso é um crime que se pratica contra a população! Isso é um escândalo na administração pública!

O Ver. José Valdir veio a esta tribuna e disse também que isso é um tributo. Não, Ver. José Valdir, V. Ex.ª poderia se esclarecer melhor, ninguém está pagando tributo aqui, o que se paga é para uma empresa privada, paga-se mais do que o necessário a essa empresa privada. E essa empresa privada, eu tenho certeza, Ver. João Antonio Dib, vai aparecer naquela relação de empresas, que depois vão financiar a campanha do PT. É assim que acontece. Essas empresas que, de uma maneira, às vezes, mágica ganham essas licitações, entre aspas, nessa Administração Popular, aparecem naquela relação de empresas, para as quais também eu não sei como, está sobrando dinheiro, que acabam colocando dinheiro na campanha do PT. Vai acontecer assim, são tantas as empresas com que vimos acontecer isso, tantas as empresas que tinham contratos com a Administração, chamada popular, e que de repente apareceram naquela relação de doadores de dinheiro para a campanha do PT. É um absurdo, mas é assim que acontece. E aí eles não querem aceitar uma legislação feita pela Ver.ª Clênia Maranhão, que tenta humanizar o sistema. É para humanizar o sistema. O que a Ver.ª Clênia Maranhão quer é que o cidadão não mais seja mais explorado, para que esse escândalo pare de acontecer; para que essa empresa, eu não sei qual a que ganhou a licitação do Município, não enriqueça mais tanto e não dê tanto dinheiro para o Município, de uma forma absurda, tomando o dinheiro do cidadão de uma forma escandalosa. É isso que temos que impedir, é isso que precisamos impedir, pois essa administração que está aí, faz com que as pessoas, em nosso Município, sejam exploradas dessa forma vergonhosa como acontece nos parquímetros. Isso é que nós temos que impedir. E podemos impedir agora derrubando esse Veto ao Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão, que eu acho que é um projeto extremamente justo e tem que se tornar lei em nosso Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra por cedência de tempo do Ver. Raul Carrion, para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Luiz Braz veio aqui, como sempre, e fez uma metralhadora giratória de ataques, inclusive deduzindo que no futuro, talvez, aconteça assim. Acho que o Ver. Luiz Braz, representante do PFL nesta Casa, está nervoso porque o seu Partido tem um milhão e trezentos mil problemas para resolver agora. E a sua candidata foi-se. Agora queremos ver se aquele dinheiro todo será devolvido para os cofres públicos, aqueles um milhão e trezentos mil problemas que o PFL tem para ter um candidato à Presidência da República. E o PFL sequer vai ter candidato. Quer exigir explicação dos outros e não consegue explicar os seus próprios candidatos. Isso é que é uma situação lastimável, triste para o País. E esse Partido governa o País há quanto tempo? Discutimos, sempre, os projetos porque temos argumentos e posições. A proposta da Ver.ª Clênia Maranhão tem um problema claro e preciso no art. 2.º, que passo a ler para que o público que nos acompanha tenha claro o que a Vereadora está propondo: “Na falta de troco, o usuário poderá estacionar o seu veículo na área do estacionamento rotativo pelo período desejado”. Então, ele chega um dia, estaciona e não tem troco – fica lá o dia inteiro. Segue o art. 2.º: “... ficando desobrigado do pagamento da tarifa respectiva”. Ou seja, o Projeto diagnostica o problema, mas não avança na solução. Por que o Projeto não diz, por exemplo, que o motorista estaciona e por uma hora ele está isento, caso não tenha troco. Pergunto: leva tanto tempo assim para conseguir troco? Há máquina de troco que está sendo instalada pela Prefeitura. Há o agente de fiscalização – e o Ver. Sebastião Melo fez um debate aqui, mas sequer usa o parquímetro, nem conhece. Ele diz: colocaram o parquímetro, demitiram todo mundo. Mas é óbvio que não, tem o agente fiscalizador, senão, quem é que multa? O parquímetro veio para facilitar a vida do usuário no estacionamento rotativo. Mas o Ver. Sebastião Melo não usa, não sabe, não conhece e veio aqui dizer que foram demitidos os agentes. Está lá o fiscal da Área Azul que faz o controle desse uso e multa quando necessário; orienta quando necessário e troca quando necessário. Então, Ver. Pedro Américo Leal, temos a máquina que dá o troco, temos o parquímetro, temos o agente de fiscalização da Área Azul. Nada disso é suficiente. Mesmo assim, continuamos com o problema. O problema é simplesmente, então, livrar-se da Área Azul. Quem vai pagar? Como é que se controla? Quem vai dizer que tem troco? Aqui temos de ter uma forma de organizar novamente a área pública, mas resolvendo problemas e indo em direção à solução, mas não simplesmente livrando-se de tudo. Esse Projeto, no art. 2.º, não propõe nada; ele simplesmente acaba com tudo. Temos de propor um prazo então. O motorista tem 15 minutos para dispor do troco, tem meia hora, tem uma hora, está dispensado de pagar por duas horas. Mas por todo o tempo, sem pagar nada nunca? Isso não vai ao encontro da questão pública. Se a rua é pública, ao público e ao acesso universal, tem de ter. O gestor público tem de organizar a área pública para que o público a acesse; de alguma forma, ela deve estar organizada, e essa é uma forma. Mas isso não é organizar a área pública; isso aqui é totalmente desorganizar, Ver. Adeli Sell, a área pública e desresponsabilizar todo e qualquer cidadão com referência aos estacionamentos rotativos. Nós nos posicionamos pela manutenção do Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total, por cessão de tempo do Ver. João Pirulito.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a matéria agora discutida tem dois eixos, Ver.ª Clênia Maranhão. Um é o eixo sobre o qual temos obrigação legal e constitucional de fazer o debate, que é a questão da competência; e o outro é a questão de mérito da iniciativa da Ver.ª Clênia Maranhão, que já ressaltei, é uma Vereadora que se distingue na defesa dos consumidores com várias legislações aprovadas, já, nesta Casa. O Ver. Sebastião Melo, que tem-se notabilizado por uma série de denúncias vazias e também pelo bom trabalho que ele realiza aqui nesta Casa, ele é paradoxal, a meu juízo. Ontem, na Comissão de Justiça, por exemplo, ele foi absolutamente paradoxal, porque trouxe àquela Comissão um debate que não pertencia à Comissão. Só a boa-fé do Ver. Elói Guimarães é que permitiu que aquele debate se estabelecesse. O Ver. Sebastião Melo disse aqui a seguinte preciosidade, Ver. Luiz Braz, pós-graduado em Direito Tributário, ele disse que as competências para iniciar o processo legislativo se baseiam na questão se é de interesse municipal ou não. O Vereador cometeu, possivelmente, mais por uma tautologia, por debate político, omitindo a segunda parte do seu juízo crítico sobre esta matéria, 50% da história. Logicamente que as competências se distribuem entre os entes federados, há matérias que são da União, há matérias que são dos Estados, e há matérias, Ver. Prof. Isaac Ainhorn, que são da competência do Município. Agora, Ver. Sebastião Melo, o fato de o art. 30, inciso II, da Constituição Federal dizer que o assunto é de interesse local - o Ver. Isaac Ainhorn poderá até me ajudar -, não significa de pronto que seja leitmotiv para se dizer que a Câmara dos Vereadores tenha competência para iniciar essa matéria. Há de se ver, Ver. Sebastião Melo, se aquela matéria não tem competência de iniciativa, e V. Ex.ª omitiu 50% do tema, ser de autonomia municipal, Ver. Luiz Braz - e me corrija se eu estiver equivocado -, não significa que a matéria possa ser iniciada sempre pelo Poder Legislativo, há matérias que podem ser iniciadas pelo Poder Legislativo e há matérias que não podem ser iniciadas pelo Poder Legislativo. Portanto, descabe completamente a assertiva do Ver. Sebastião Melo, e ela, por óbvio, foi compreendida por todos os Srs. Vereadores.

Concedo o aparte ao Ver. Isaac Ainhorn, e até faço um repto ao Ver. Luiz Braz que me corrija se eu estiver equivocado.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Antes de mais nada, Vereador, cumprimento V. Ex.ª pela explanação, pelo conhecimento jurídico que expende desta tribuna e só enriquece esta Casa com as suas manifestações. Mas eu acho que nós temos que ter a visão do Legislativo, nós somos o poder fragilizado, nós temos que buscar esticar aqui e nas jurisprudências dos tribunais as competências e as iniciativas dos legislativos...

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: E esta Casa tem feito isso.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Eu acho que nós temos em V. Ex.ª, apesar de ser um defensor - e tem de ser -, do Governo Municipal, V. Ex.ª é situacionista e o faz com muito brilho, nós temos de fazer uma parceria no sentido de ampliar as competências desta Casa.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª não acha que paralelo a isso - concedo-lhe novamente o aparte -, a questão de mérito tem de ser apreciada, ou seja, se a lacuna, no que tange ao mérito, já foi resolvida, ou seja, estão sendo instalados equipamentos, máquinas para facilitar o troco, V. Ex.ª acha que conjugadas as duas questões: de ordem jurídica com a de mérito, não há de considerar-se a competência de quem a possui, com o art. 24, dada pelo Código Nacional de Trânsito e pela Lei que V. Ex.ª ajudou a constituir, a Lei n.º 8133?

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Vereador, eu prefiro a construção legislativa. Eu inclusive me inscreverei se V. Ex.ª precisar de tempo. Quero aditar que ontem a Comissão de Constituição e Justiça realizou um dos mais competentes questionamentos do Secretário dos Transportes.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Completamente fora das competências da Comissão, mas realizou.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª sabe da admiração que tenho por V. Ex.ª, e sei que é um homem de um conhecimento jurídico elevado, mas eu gostaria que V. Ex.ª se ativesse ao que está escrito na art. 94 da nossa Lei Orgânica do Município, onde consta exatamente o que compete, privativamente, ao Prefeito Municipal na sua iniciativa.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: V. Ex.ª tem defendido essa tese.

O Ver. Luiz Braz apega-se, nas discussões que faz aqui e na Comissão de Justiça, quanto ao art. 94 da Lei Orgânica do Município. Apenas, Ver. Luiz Braz, ali são elencadas competências que são da iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo e há também a obrigação nossa do cumprimento do princípio da simetria, e o art. 64, inc. II, letra e, e letra f, da Constituição Federal, dispõe, por exemplo, que matérias – e nós temos discutido isso –, que são questão de tributos e orçamentárias, a iniciativa é do Chefe do Poder Executivo em nível nacional e de conseqüência, pelo princípio da simetria, também do Governador do Estado e do Prefeito dos Municípios.

Isso que estamos tratando, agora, aqui é de um preço público e preço público quem decide é o Poder Executivo.

No que tange ao mérito da iniciativa da Vereadora, ela já foi abrigada, a partir do momento em que foram instalados equipamentos de troco, a partir do mês que passou. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juberlei Bacelo está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. JUBERLEI BACELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, eu gostaria de registrar aqui também a minha opinião em relação ao Veto ao Projeto de Lei da Ver.ª Clênia Maranhão, dizendo que a questão do transporte público na nossa Cidade é uma questão que já há bastante tempo vem se debatendo nesta Casa. Felizmente, a nossa Cidade, hoje, talvez, já não tenha as críticas tão incisivas como se via há alguns anos em relação ao caos que era se locomover nesta Cidade. Felizmente Porto Alegre, hoje, não necessita de políticas de rodízios em relação ao número da placa como existe em outros grandes centros, que mesmo com essas alternativas ainda são um caos para que a gente consiga se locomover. Em Porto Alegre vem-se trabalhando no sentido de se fortalecer, sim, o transporte público, fortalecê-lo para que as pessoas se locomovam de preferência de ônibus, de táxi-lotação, deixando os seus automóveis em casa. Acho que o estacionamento rotativo também vem, sim, dentro dessa visão, de que é necessário que a gente democratize o estacionamento público. É necessário que aquele espaço ali na via pública, esteja à disposição de qualquer cidadão democraticamente. Eu acho que a Área Azul contribui para isto; eu acho que a partir da Área Azul se desenvolveu instrumentos que visem de fato tornar a vida mais fácil ainda para aqueles que utilizam a Área Azul.

Eu vejo aqui diversos Vereadores virem reclamar, contestar que a fiscalização se dá de uma forma muito incisiva. Quer dizer, na verdade, o que se quer defender aqui é que se no momento em que se descumpre uma regra, porque se paga pelo estacionamento por um determinado horário e se extrapola esse horário, o que se defende aqui é a impunidade. O que vai contra a visão da democratização daquele espaço público, porque se o cidadão estacionou o seu automóvel, depositou uma moeda para uma hora, dentro de uma hora, ele tem que retirar o seu automóvel para que outro cidadão possa utilizar esse espaço. E, aliás, a partir dos parquímetros e a partir desta fiscalização mais incisiva é que hoje se nota que de fato sobram espaços nas vias onde existe o estacionamento da Zona Azul. Era comum nós assistirmos antes do parquímetro, e antes de uma fiscalização que de fato fosse lá e autuassem quem não respeitasse o horário predeterminado, acumular-se nos pára-brisas dos automóveis diversas autuações. Por quê? Porque todo mundo sabia que a impunidade era o que valia na questão da Área Azul, portanto, ia-se lá, comprava um cartão de duas horas e deixava o automóvel estacionado pelo dia inteiro. Ficava o dia inteiro, no final do dia levanta-se a haste do limpador de pára-brisas e retiram-se dali diversos cartões de autuações; como se sabia que isso não iria resultar em nenhuma multa, em nenhum custo financeiro, no próximo dia novamente estaria ali desrespeitando as regras da Área Azul. Portanto, eu acho que o que se quer com esse tipo de Projeto de Lei é tentar levantar uma discussão, ir contra uma tendência que hoje é aplicada no mundo inteiro, nas principais cidades, nas principais capitais deste País, da América e do mundo. Aqui se utiliza isso como uma forma de tentar desgastar, de tentar bater na Administração Popular. Ora, vejam só, um Projeto de Lei que diz que se não tiver troco, o automóvel poderá ficar ali quantos dias forem necessários, até que a maquininha, de fato, tenha troco.

Em relação à questão das moedas, eu gostaria de dizer que eu acho que se há alguém que não gosta dos parquímetros, hoje, talvez sejam as nossas crianças. Porque temos de mudar um pouco os nossos costumes, temos uma tradição de que a nossa moeda não tem nenhum valor, moeda significa algo que não serve para nada a não ser para inteirar algum troco; acho que de fato os nosso filhos estão um pouco descontentes, porque temos de mudar a nossa cultura, porque a moeda ao final do dia, quando se chega em casa, em vez de ir para o cofre do filhinho, talvez tenha o próprio pai de ter um cofrinho dentro do automóvel e se organizar para que ele possa, aí sim, utilizar um espaço democrático do estacionamento numa via pública. Basta se organizar, ter as moedas dentro do seu automóvel que vai conseguir utilizar sem ter o problema de depois ter de pagar multa, conseguir as moedinhas para pagar a multa de uma infração cometida no momento em que não se pagou por esse estacionamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, pertinente é essa discussão, e também demonstramos à cidade de Porto Alegre que realmente estamos preocupados em como fiscalizar e buscar soluções para os problemas pontuais, e um problema tão grave como esse. Parece até que nós...

Por exemplo, eu quero ir um pouquinho nessa linha que o nosso companheiro que está aqui substituindo a Ver.ª Sofia Cavedon, Ver. Juberlei Bacelo, pontuou muito bem nesta Casa. Essa questão da moedinha. Eu acho que nós devemos resgatar um pouco da história na questão dos parquímetros. Existem mais de noventa mil parquímetros espalhados no mundo, em mais de cem países, Ver. Paulo Brum, e nenhum dá troco. Aqui, em Porto Alegre, nós, também, instituímos os parquímetros. É louvável a preocupação de tentarmos equacionar os problemas que vão surgindo. Esta Casa serve, também, para isso e isso é da democracia e não há problema nenhum. Mas aqui em Porto Alegre nós estamos trazendo a todos os cidadãos uma discussão importante. Quando falamos em moedinha, que é isso que é uma moedinha, porque aqui nós entramos em uma questão econômica. Aliás, desde o Plano Sarney, Ver. Luiz Braz, quantas vezes a moeda já foi trocada e desvalorizada? Por isso chamamos de moedinha do Sarney que é o pai da Roseana Sarney que teve todo esse problema agora. A propósito, a população quer saber se a Roseana vai devolver aos cofres públicos, ou para a iniciativa privada, não sabemos ao certo ainda se vai ser em moedinha, dólar, real, o dinheiro encontrado na Lunus. A população quer esclarecimentos do seu Partido, PFL, Ver. Luiz Braz. E o senhor, ao invés de ajudar a responder isso, está tão preocupado com a questão do parquímetro e a moedinha, como se a Prefeitura de Porto Alegre fosse fazer uma grande arrecadação com as moedinhas que não tem valor, absolutamente, nenhum. É uma tristeza, pois demonstra que o nosso real não tem mais nenhum valor hoje, sendo submetido ao dólar, ao euro e à economia internacional.

Eu achei ótima esta discussão, porque traz esse viés, politizando a discussão, conseguindo, por conseguinte, aprofundar algumas questões maiores, e por que hoje nós tratamos com a tal de moedinha, que não tem quase nenhum valor. Pois os parquímetros vêm resolver o problema, porque aqui em Porto Alegre a moeda tem valor, servindo para trazer uma arrecadação, não da forma que está sendo colocada aqui, continuando no mercado a moeda, resolvendo o problema dos nossos parquímetros.

Vejam bem, Srs. Vereadores, de um Projeto que tem o seu mérito, a profundidade da discussão que podemos fazer, chegar, inclusive, a discutir questões da economia internacional. Eu acho fantástico! Muito bem colocou o Ver. Juberlei Bacelo, aqui, dizendo que quem deve estar muito frustrado com tudo isso são as crianças, não é Vereador? Eu acho que V. Ex.ª está coberto de razão. Porto Alegre tem essa proposta, eu acho louvável que qualquer Vereador possa trazer para cá essas discussões, é do mérito; ele tem mérito. É da democracia, agora, também temos que agradecer à Ver.ª Clênia Maranhão por nós podermos fazer esse debate com profundidade, é possível fazer uma relação, aí, com a desvalorização do nosso real, com a desvalorização da moeda. Enfim, eu acho que, só por isso, já tem mérito e é louvável, porque pudemos discutir. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, ouvindo as colocações dos Srs. Vereadores chamou-me a atenção a questão de enfatizar a socialização do espaço público para o estacionamento. É verdadeiro, e saúdo muito a instalação do parquímetro em determinadas regiões da Cidade, a sua importância para que possa oportunizar que todos nós tenhamos acesso a esse estacionamento. Mas também, Ver. Luiz Braz, contraditório é, se analisarmos a Av. Mauá, por exemplo, paralelo ao Muro da Mauá, vamos ver que aquele espaço, hoje, Área Azul, está sempre desocupado. Quer dizer, onde a população, antes, tinha o direito e a possibilidade de estacionar sem pagar, o conceito de Área Azul se estendeu por diversas regiões da Cidade e passou a ser um bom negócio. Então, se nós passarmos, a qualquer momento, pela Av. Mauá, vamos ver que estão ocupadas, no máximo, 20% das vagas. Deveriam ser criados, também, pela EPTC, valores diferenciados. Aquela zona que não é tão disputada, teria que ter um preço diferenciado. Zona Central, para que pudéssemos possibilitar o estacionamento de todos, teria os seus valores normais. Essa seria a lógica, se a intenção fosse boa! Se a intenção fosse realmente de oportunizar que todos os motoristas, os condutores de veículos, em Porto Alegre, pudessem estacionar.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para dizer, Ver. Fernando Záchia, que quem criou, na verdade, o estacionamento rotativo foi uma lei de nossa autoria, Lei n.º 6.002, de 1989, e gostamos da idéia, só que não da forma como ela é empregada. O Ver. Juarez Pinheiro lançou-me um repto, e eu quero dizer para ele que a Constituição Federal trata do assunto da competência para iniciar projetos orçamentários no art. 165, e é só o projeto de Orçamento. O resto é tudo tratado, na verdade, pelo Congresso Nacional. É exemplo do que acontece aqui. Então está errado Ver. Juarez Pinheiro, e a Constituição não trata desse assunto no art. 64, como ele citou da tribuna.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Perfeito, Ver. Luiz Braz. Eu quero, especificamente, entrando na questão do Veto, dizer que a Ver.ª Clênia Maranhão oportuniza que esta Casa participe de uma discussão que acontece diariamente nas ruas da cidade de Porto Alegre. Todos nós, Vereadores, sem nenhuma exceção, recebemos diversas reclamações dos motoristas indignados, não com o conceito do parquímetro, indignados com o funcionamento do parquímetro. As pessoas dizem: “Não tem troco, às 8h da manhã, eu não tenho moeda, eu quero estacionar e não consigo.” Ora, a Ver.ª Clênia Maranhão, quando traz essa discussão, quer viabilizar, ela quer facilitar que o processo possa ser realizado. Ela entende que o conceito do parquímetro é ajustado, mas ela tem de oportunizar que os motoristas possam utilizar desse estacionamento. Então ela contribui. Aí o Sr. Prefeito alega a questão de vício de origem, que eu já estou cansado disso, porque não vamos tirar o direito da Câmara Municipal de participar disso. Se o Executivo não teve a visão para enxergar todos os problemas que poderiam ser causados por essa determinação, compete, cabe ao Legislativo poder participar desse processo, ouvindo diariamente, na relação que o Legislativo tem com a globalidade da sociedade, de poder trazer as aspirações, as sugestões, as idéias da sociedade para que nós possamos regulamentar, para que nós possamos minimizar essas normas adotadas pelo Executivo. Tanto é que, se nós olharmos o Correio do Povo do dia 15 de abril de 2002, que diz: “Trocador de dinheiro precisará ser adaptado. A EPTC está testando uma máquina que troca cédulas por moedas”, constatamos que, já estão sabendo que isso está causando um problema. Ora, se estão testando o aparelho, se tem a convicção que está causando problema, se tem a certeza de que o motorista não tem a culpa de não poder ter o troco naquele momento, não é justo que nós penalizemos o motorista, se o sistema é falho por criação da EPTC, da Prefeitura Municipal; nós não podemos penalizar a sociedade; nós não podemos penalizar a população para que isso seja resolvido.

A Lei da Ver.ª Clênia Maranhão é absolutamente correta, se ajusta: não tem troco – em simetria à Lei do Troco do transporte coletivo urbano –, anda de graça, é obrigação do serviço permissionário ter troco para que o utilitário possa utilizar da sua atividade, do seu serviço. Se a empresa que tem a concessão do estacionamento não se adaptou a ter troco, não tem essa máquina funcionando, o problema não é do motorista; o problema vai ser dessa empresa que está recebendo para reservar um espaço, na via pública, para que as pessoas possam, pagando, estacionar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, escutando esta discussão sobre importante Projeto, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, eu comecei a refletir sobre a importância dos espaços na cidade de Porto Alegre e sobre a importância dos parquímetros para Porto Alegre. Há 30 anos - e aí o Ver. João Antonio Dib, que conhece bem a Cidade – nós tínhamos uma frota de sessenta mil carros em Porto Alegre – corrija-me se estou errada, Ver. João Antonio Dib -, hoje possuímos seiscentos e vinte mil carros circulando na Cidade. Problema sério, que gera sérios conflitos, como a circulação, estacionamento, intervenção de terceiros.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Ver.ª Maria Celeste, há trinta anos nós tínhamos duzentos mil carros e hoje nós temos seiscentos e cinqüenta mil.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Perfeito. Mesmo assim, a frota aumentou bastante Vereador, e V. Ex.ª concorda comigo, então. E por isso, pensando na revitalização, reorganização, instalou-se os parquímetros: maior rapidez do tráfego, maior oferta de vagas, o uso democrático dos espaços públicos, evitando a atuação de intermediários, a revitalização do Centro - tão debatida nesta Casa, inclusive pelo meu companheiro, Ver. Adeli Sell, que é um morador do Centro - a melhoria da sinalização e estética do entorno. As questões jurídicas, tão bem debatidas aqui pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Luiz Braz, que falam – inclusive o Ver. Sebastião Melo trouxe essa questão, a questão da competência dos entes federados, que a Constituição Federal, nos seus artigos 22 e 24 constitui isso, mas uma questão é importante também: competência da iniciativa da matéria, tão falada aqui pelo Ver. Juarez Pinheiro. Quem pode iniciar a matéria? O que estabelece a Lei Orgânica no seu art. 94? Quem é que pode organizar, legislar sobre essa matéria, efetivamente? Trata-se de uma questão importante para a Cidade, uma questão importantíssima O Ver. Fernando Záchia diz que na Av. Mauá, agora, há espaços vagos. Fico lembrando o quanto era difícil trafegar na Av. Mauá; não digo estacionar, mas refiro-me ao tráfego da Av. Mauá, e isso o parquímetro veio trazer de melhoria para a Cidade. O tráfego na Av. Mauá melhorou, Ver. Fernando Záchia.

 

O Sr. Fernando Záchia: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Quero participar dessa discussão, porque a considero salutar. Quero ver se consigo compreender, Vereadora. O estacionamento, pelo parquímetro, diminuiu o fluxo de veículos na Av. Mauá? Organizou o fluxo de veículos?

 

A SRA. MARIA CELESTE: Ele, de certa forma, organizou.

 

O Sr. Fernando Záchia: Então, se colocarmos estacionamentos em todos os engarrafamentos, vamos resolver o problema da Cidade?

 

A SRA. MARIA CELESTE: Não é essa a questão que coloco. V. Ex.ª fala que há estacionamentos livres na Av. Mauá.

 

O Sr. Fernando Záchia: Quer dizer que não se pode estacionar mais? Para estacionar, temos de pagar?

 

A SRA. MARIA CELESTE: Mas isso é obvio Vereador, é óbvio.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) O Ver. Záchia não considerou a quantidade de filas duplas que se faziam na Av. Mauá, pelos dois lados, pela falta de organização dos estacionamentos na via pública.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Exatamente, congestionando sempre a Av. Mauá. Muito obrigada, Ver. Marcelo Danéris. Uma outra questão, Ver. Fernando Záchia, é que o comércio organizado demanda, na Cidade, o estacionamento por meio do sistema de parquímetros, pois, pela rotatividade que esse estacionamento oferece, as pessoas podem estar chegando com mais rapidez ao comércio. Realmente temos quatro máquinas em teste na Cidade, já prevendo essa questão do troco. Certamente surgirão problemas, porque estão em teste. O teste é para isso, é para ver onde estão os problemas, para ver de que forma vai-se solucionar a questão do troco. Portanto, mantemos o Veto do Prefeito por entendermos que as questões do troco já estão sendo consideradas e, muito mais, por problemas de inconstitucionalidade, como estabelece o Veto do Prefeito. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrado o período de discussão do PLL n.º 236/01, com Veto Total. Passamos ao período de votação. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 236/01.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, com certeza absoluta, não vou responder aos ataques antiéticos que recebi, até porque eu acho que não cabe a um Vereador de Porto Alegre responder da forma como, de repente, numa briga de rua aconteceria. O que aconteceu aqui foi uma mesquinharia que eu realmente acredito que não pode haver dentro do Parlamento.

Eu vou continuar a discussão, Ver. Juarez Pinheiro, que essa interessa muito – e V. Ex.ª referiu aqui da tribuna -, é o encaminhamento, mas com relação à iniciativa. Eu estou dizendo que o que iniciou este processo foi inclusive uma lei de autoria deste Vereador, aprovada por este Plenário: a Lei n.º 6.002, que implantou o estacionamento rotativo no Centro. É claro que V. Ex.ª pode dizer: “Não, mas depois veio o Código Nacional de Transportes e ele deu uma outra direção.” Só que o Código Nacional de Transportes fala que “cabe ao órgão executor da política de trânsito implantar os estacionamentos.” Implantar! Não significa que cabe a esse órgão executor legislar, colocar as normas referentes a esse estacionamento. Isso cabe ao Legislativo. E fica bem claro na Constituição, Ver. Juarez Pinheiro. A Constituição legisla isto onde? Observando o art. 48 da Constituição, V. Ex.ª vai ver a competência do Congresso Nacional, o que cabe lá aos Deputados, aos Senadores. Diz o art. 48: “Sistema tributário” - isso aqui é iniciativa de leis -, “arrecadação” - isso é arrecadação -, “e distribuição de rendas”. Em preço público, eu estou mexendo com arrecadação. E no art. 165, dessa mesma Constituição, nós temos lá a iniciativa que cabe ao Executivo, que é do Projeto Orçamentário. Então, quanto ao Projeto de Orçamento, é claro, a iniciativa é do Poder Executivo. Mas as matérias tributárias, as leis tributárias, aquilo que vai alterar esse Projeto de Orçamento enviado pelo Executivo cabe a quem? Cabe também aos Deputados, no caso do Congresso Nacional, e aqui cabe aos Vereadores.

Então, Ver.ª Clênia Maranhão, depois da Constituição de 1988, que devolveu os poderes ao Legislativo, nós estamos amparados no art. 30, inciso I, da Constituição, que fala exatamente que compete ao Município legislar, e esta matéria é de autonomia do Município, faz parte da autonomia do Município. Nós é que vamos regrar como é que deve ser o estacionamento nas ruas desta Cidade. Isso está lá definido no art. 30, inciso I, da Constituição, e também nos outros incisos do art. 30, que fala exatamente dessa autonomia municipal.

Então, nenhum Vereador pode vir a esta tribuna e afirmar que essa matéria não é competência do Legislativo. Hoje, praticamente, quase todas as matérias o são, as matérias tributárias, as matérias de arrecadação, praticamente todas as matérias o são. O que não é? No caso da Lei Orgânica do Município, somente aqueles projetos que são tratados lá no art. 94 e que dizem exatamente quais são as iniciativas do Executivo. As iniciativas do Prefeito quais são? Aquelas que são ligadas à criação de cargos para o Município, as ligadas à organização administrativa do Município, Secretarias que serão criadas, isso cabe ao Poder Executivo, cabe ao Prefeito, no caso de Porto Alegre. O resto é tudo matéria que compete ao Legislativo, é iniciativa dos Srs. Vereadores. Não está escrito em lugar nenhum contrariamente a esta autonomia que possui, hoje, o Legislativo, que, depois da Constituição de 1988, Ver. Elói Guimarães - V. Ex.ª que é Procurador do Município -, voltou a se fortalecer, podendo ter iniciativa de algumas leis que, anteriormente, nas Constituições anteriores, não podia mais, isso na época ditatorial. Estamos agora numa época de democracia, graças a Deus! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu creio que o debate foi absolutamente suficiente para V. Ex.as se apropriarem da iniciativa da Ver.ª Clênia Maranhão, do Veto que foi aposto pelo Prefeito, no ponto de vista da inconstitucionalidade da iniciativa da Vereadora e no ponto de vista do mérito. Quanto à questão da legalidade, Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª primeiro cometeu aqui uma contradição, porque V. Ex.ª é o primeiro a vir aqui e dizer que, quando é taxa e é imposto, ou seja, são tributos, que tem de ter lei e tem de passar pelo Legislativo, e que, quando é preço público, quando é tarifa, é da competência do Poder Executivo. Não lhe posso dar aparte, mas tenho certeza de que, se eu consultasse V. Ex.ª, e se nós estivéssemos tratando de tarifa ou de taxa, V. Ex.ª me diria: “Está-se tratando de preço público, está-se tratando de tarifa, e, portanto, a competência é do Poder Executivo e não do Poder Legislativo.” Aí pego uma contradição de V. Ex.ª, mas V. Ex.ª se direcionou para o campo político, para o campo do debate político, e esqueceu-se um pouquinho de quando brilha aqui, dispondo sobre questões de legalidade e constitucionalidade.

De outra parte, o Ver. Luiz Braz leu aqui o art. 48 da Constituição Federal, que é similar ao art. 56 da nossa Lei Orgânica; são matérias que, com a iniciativa do Poder Executivo, a respeito das quais cabe a esta Câmara dispor, têm parecer - e V. Ex.ª sabe - desta Casa e já estão consolidadas por nós nesta Casa. É uma pena que não lhe posso dar aparte, Ver. Luiz Braz, eu seria muito feliz se pudesse fazê-lo, mas não posso e V. Ex.ª sabe disso. V. Ex.ª não leu o art. 61 da Constituição Federal que fala de forma clara sobre quais as matérias que são da iniciativa do Presidente da República, e ali fala: “dispor sobre serviços públicos, dispor sobre matérias orçamentárias.” V. Ex.ª sabe que o processo legislativo é cogente no que tange ao princípio da simetria para os entes federados que ficam abaixo da União; estou falando de Estados e Municípios.

O Ver. Fernando Záchia disse que na Av. Mauá, antigamente... Hoje há espaços vazios, e eu gostaria de dialogar com V. Ex.ª, que, possivelmente, vai-se manifestar depois. Eu penso, Ver. Fernando Záchia, que é melhor que haja espaços vazios, hoje, com os parquímetros do que antes, quando pessoas colocavam os seus carros durante todo o dia e outros cidadãos, com o ferimento do princípio da igualdade, não podiam acessar o Centro da Cidade, como não podem acessar quando alguém coloca um veículo em centros de bairros, com isso trazendo prejuízos, inclusive, ao pequeno comércio. Portanto, esse argumento trazido à colação no que tange ao mérito não tem sentido.

O que eu penso, Ver.ª Clênia Maranhão, que trouxe com qualidade essa matéria à discussão, é de que a Câmara Municipal não está suficientemente esclarecida para a sua votação. V. Ex.ª trouxe uma discussão importante de pessoas que ficavam prejudicadas por falta de troco e aqui ficou demonstrado, em primeiro lugar, de que a sua preocupação está sendo contemplada pelo Poder Executivo a partir da instalação de equipamentos, em testes, e que em breve serão colocados em todos os locais onde há parquímetros, no sentido de que os usuários desse serviço possam fazer a troca do papel-moeda e, portanto, fazer o pagamento dessa tarifa pública.

Nesse sentido a proposta aqui foi importante, ela dessubstancia, a partir de uma forma muito mais qualificada, independentemente da participação de um representante da empresa, qualquer usuário dos parquímetros possa ali fazer a troca.

Por último, é importante dizer que os parquímetros se tratam de equipamentos que são utilizados em todo mundo, eles qualificam esses locais, são colocados em locais onde já existiam antes a Área Azul, locais onde há solicitação dos próprios moradores, e o seu objetivo é contemplar o princípio da igualdade, ou seja, permitir a todo cidadão que, de forma igualitária, possam acessar áreas públicas para aí poderem fazer a indexação com os serviços da Cidade, com o comércio, seja no Centro ou nos bairros.

Quero agradecer ao Ver. Pirulito que anteriormente me cedeu o seu espaço para que eu discutisse essa matéria.

A Câmara Municipal está com tudo para ter uma decisão correta, prestigiar a iniciativa da Ver.ª Clênia Maranhão, mas manter o Veto do Prefeito, porque ela já foi contemplada a partir do momento em que esses equipamentos foram colocados e de forma clara foi verificado que a competência para dispor sobre esse tipo de matéria, inicialmente, em face do Código Nacional de Trânsito, da Lei n.º 8.133, da Lei Orgânica, da Constituição, é do Chefe do Poder Executivo.

Portanto, a Bancada do PT mantém o Veto nesta votação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 236/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 236/01.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu até não iria encaminhar esta matéria, mas me senti na obrigação, na medida em que o Ver. Juarez Pinheiro me chamou novamente para este debate.

Preliminarmente, eu acho que o Ver. Juarez Pinheiro tem toda a razão de estar incomodado - absolutamente correto -, porque, ontem, na Comissão, o seu Secretário de Transportes não conseguiu desvincular a aliança que ele tem com a ATP. Ele, realmente, foi e voltou e não conseguiu.

Cumprimento, Ver. Isaac Ainhorn, pela sua proposição e quero dizer que esta matéria não pode ficar só na Comissão de Constituição e Justiça, ela deve passar por outras Comissões. Para nós, essa matéria não está resolvida. Eu não estou dizendo que a minha Lei seja a melhor Lei, mas eu penso que esta Lei, como está aí, não pode ficar. E, por isso, eu acho que o Ver. Juarez Pinheiro tem toda a razão de estar incomodado.

Quero reafirmar, aqui, que não logra êxito a tese do Ver. Juarez Pinheiro. O que o Código Nacional de Trânsito de 1997, Vereador, estabeleceu foi o seguinte: “Compete aos órgãos e entidades executivas de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição, entre outras coisas, implantar, manter e operar o estacionamento rotativo pago nas vias.” O que ele quer dizer com isso? A obviedade! Agora, implantar tem de ser mediante uma legislação específica. Se fosse assim, Ver.ª Maria Celeste, não teria de ter havido a legislação para o estacionamento da Área Azul. Na verdade, o parquímetro é uma substituição da operação manual para a operação eletrônica. Então, se fosse assim, não deveria ter tido Lei da Área Azul em nenhum momento. Absolutamente, não logra êxito essa tese, por que, Ver. Juarez Pinheiro? Porque implantar não significa legislar. Se fosse assim, nós não deveríamos ter votado, nesta Casa, a Lei de 1987, modificado em 1989 e em 1992, referente à Área Azul. Então, V. Ex.ª poderia dizer que, naquela época, o Código de Trânsito não tratava disso. Não, o Código de Trânsito acabou referendando aquilo que já tinha antes, ou seja, eu não soube na história da Câmara de Vereadores ou de qualquer Legislativo, que o Legislativo tenha regulamentado o trânsito em alguma Cidade. Não, pelo contrário, quem estabelece isso, primeiro era uma questão federal, e depois municipalizou, mas sempre o Poder Executivo, nunca o Poder Legislativo. Isso não é competência de fiscalização para implantação de trânsito.

Então, portanto, eu só vim à tribuna para dizer isso, Ver. Juarez Pinheiro, eu respeito a sua posição, eu acho que o Direito permite interpretações diferentes e, por isso, é que este debate - e não só este, como outro debate - sempre é rico. Evidentemente, quero dizer que respeito perfeitamente a sua posição. Agora, não quero desqualificá-la, mas quero que V. Ex.ª também respeite a minha posição, porque eu acho que ela tem, indiscutivelmente, sustentação para que possamos aprofundá-la. E, portanto, eu quero, mais uma vez, dizer o seguinte: a nossa cidade de Porto Alegre, que tem seiscentos e cinqüenta mil veículos - portanto uma frota, entre todas as capitais, talvez, a maior frota proporcionalmente -, acho que democratizar o estacionamento público é uma questão importante, eu não sou contra isso. Agora, eu acho que a democratização do espaço público tem de ser fruto de um grande debate com a comunidade local, com o entorno daquela comunidade e com a comunidade como um todo.

Esta Lei aqui hoje em votação, na verdade, está dentro deste contexto, porque se os parquímetros tivessem passado pela Câmara de Vereadores, através de uma legislação desta Casa, se a Prefeitura tivesse proposto para esta Casa discutir esta questão do troco, a questão da carência, a questão da multa, a questão do cartão do morador, Ver. Pedro Américo Leal, e outras questões, com certeza, no debate democrático, nas diferenças que qualificam o debate, nós já teríamos resolvido. O.k., não aconteceu isso. Vem agora o Projeto, eu acho que é momento de discutir. Portanto, eu quero dizer que nós temos a perfeita sintonia de votar pela derrubada do Veto e achamos que esta Casa tem competência também para legislar sobre esta matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Em votação nominal o PLL n.º 236/01. (Após a apuração nominal.) APROVADO por 18 votos SIM e 10 votos NÃO, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3738/01 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/01,  que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

Parecer:

- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Veto Parcial às Emendas  nºs 68 e 75 e pela rejeição do Veto Parcial à Emenda nº 66.

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º 026/01, com Veto Parcial. Temos um requerimento para que sejam votadas em destaque as Emendas nºs 66, 68 e 75. Em votação o Requerimento do Ver. João Carlos Nedel, que solicita que sejam votadas em destaque as Emendas. (Pausa.) Os que estiverem de acordo com a votação em destaque permaneçam sentados.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não é preciso votação desse destaque.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Trata-se de votação do Requerimento.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, não há necessidade de votar o destaque. A partir do momento em que o Vereador requer, já está dado o destaque.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu tenho a impressão de que, em nenhum momento, na votação dos Vetos, existe permissão para se votarem esses Vetos com destaque. Acredito que não tenhamos essa possibilidade. Acho que quando votamos o Veto, o Veto é votado na sua íntegra.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Sr. Vereador, como o Veto é Parcial e há três emendas...

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, eu gostaria que fosse lido o dispositivo regimental que permite que possamos votar, mesmo, o Veto Parcial, com destaque.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, apenas quero fazer um apelo ao Ver. Luiz Braz. Eu entendi a sua colocação, acho que tem alguma procedência, mas nós estamos discutindo um Veto Parcial, não se tratando de um Veto Total. Então, partes de um projeto é que são vetadas pelo Sr. Prefeito; é possível, então, a segmentação, apreciando-se os vetos de acordo com os destaques procedidos pelos Srs. Vereadores. Então, faço um apelo ao Ver. Luiz Braz, até auxiliando a Mesa, no sentido de que ele tenha tranqüilidade, pois já fizemos inúmeras vezes isso, e isso é absolutamente legal.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, a aceitação do destaque é automática. Está destacada no momento da discussão, não tem problema; tem-se que aceitar, então não se vota.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Segundo orientação, as Emendas já tinham parecer no Processo, precisando, então, ser votada a aprovação do Requerimento, ou não, pelo Plenário. É a orientação que temos aqui.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, em colaboração com a Mesa, o entendimento desta Casa, apesar da posição da Comissão de Justiça, com o voto, inclusive, do eminente Ver. Luiz Braz, é de que, no Veto Total, se pode seccionar para salvar parte da constituição legislativa. Mas este Plenário derrubou. Eu, o Ver. Luiz Braz e o Ver. Elói Guimarães fomos derrotados, mas, no Veto Parcial, é possível seccionar. Se já sobre o outro nós temos esse entendimento, com muito razão no Parcial. Eu trabalho em cima de conceitos jurídicos e não ideológicos, em matéria de Direito.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu comunico ao ilustre Ver. Luiz Braz que o art. 117, no § 2º, diz: (Lê.) “As razões do Veto serão discutidas englobadamente, mas a votação do Projeto poderá ser feita por parte vetada, mediante requerimento aprovado pelo Plenário.”

 

O SR. LUIZ BRAZ: Isso não é destaque, Sr. Presidente. O requerimento que qualquer Vereador poderá fazer é para que o Veto seja apreciado da forma como está disposto aqui no Regimento. O destaque é diferente; ele está também, em um dos artigos do nosso Regimento, disposto de uma maneira bem clara. Quando eu faço o destaque de uma matéria, eu voto primeiramente o destaque; ele ganha preferências; ele tem, na verdade, uma votação completamente diferente. Não é essa redação que temos aí lida por V. Ex.ª, mas eu não vou ser obstáculo, de forma alguma, para que possa ser apreciado o Veto da maneira como foi exposto. Mas essa não é uma fundamentação lógica para que tenhamos o Veto votado em destaque.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu comunico a V. Ex.ª que nós também temos parecer da Sr.ª Procuradora permitindo a votação em destaque desses Vetos, desde que seja aprovada pelo Plenário, que é soberano.

Em votação o Requerimento de destaque. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

Em votação nominal a Emenda n.º 66, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, aposta ao PLE n.º 026/01, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol. Não há quorum a encaminhar.

Querem trocar o voto?

Neste momento só para troca de voto.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, é que houve um problema de circuito no sistema de votação, e não captou o voto de alguns Vereadores. Então V. Ex.ª tem de retomar os votos por via oral.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Permite, Vereador, havia todo o tempo para se manifestar e isso não ocorreu.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Eu votei “sim” no Projeto anterior e não apareceu o meu voto. Então se está acontecendo esse problema, há problema no sistema. Eu votei “sim” no Projeto, e V. Ex.ª diz que encerrou a votação.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): E aparece no painel eletrônico que votou “sim”?

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu fiquei assinando um papel que me trouxeram, eu votei e fui assinar o papel.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, para ajudar os trabalhos da Casa e alguns Vereadores que não conseguiram votar, nós acordamos, e se as outras Lideranças acordarem, de renovar a votação imediatamente. Se for possível regimentalmente fazer agora, anular e fazer uma nova, como o Regimento mandar.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Nós estamos aqui num impasse, ou anulamos essa votação e fizemos outra, ou mantém-se a presente votação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, de forma cabal, foi afirmado pelos Vereadores Sebastião Melo e Isaac Ainhorn que houve problemas de ordem técnica. Eles estão afirmando, sob fé pública, como Vereadores desta Casa, com mandato popular, que digitaram o seu voto e ele não apareceu na tela. Eu penso que a palavra desses dois Vereadores é suficiente para que anulemos a votação. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Então vamos anular a votação. Vou marcar um minuto aqui. Estão liberados os terminais, por favor, confiram o voto, olhem no painel, por gentileza. Tudo de novo, foi anulada aquela votação, por favor, Srs. Vereadores. De alguém não apareceu o voto, para não termos mais dúvidas?

Encerrada a votação. Resultado da votação do PLL n.º 236/01: 17 votos SIM e 10 votos NÃO. APROVADA a alteração decorrente da Emenda n.º 66, aposta ao PLE n.º 026/01, considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ela aposto.

Em votação nominal a alteração decorrente da Emenda n.º 68, de autoria do Ver. Sebastião Melo, aposta ao PLE n.º 026/01. (Lê.) “A Prefeitura Municipal fica obrigada a disponibilizar à Câmara Municipal e seus membros a íntegra da peça orçamentária das Administrações Direta e Indireta, por meio magnético, na mesma data da publicação desta Lei e também o acesso on-line através de e-mail eletrônico, a execução orçamentária das receitas e despesas das mesmas Administrações Diretas e Indiretas”. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADA a Emenda n.º 68, mantido o Veto Parcial a ela aposto, por 15 votos SIM e 10 votos NÃO.

Em votação nominal a  alteração decorrente da Emenda n.º 75, aposta ao PLE n.º 026/01. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiro, eu quero lamentar que essa Emenda anterior tenha sido derrubada, porque, na verdade, nós aprovamos aqui um Projeto de Lei para acompanhar a execução orçamentária por meio do teleprocessamento e, conseqüentemente, esta aprovação aqui, do Orçamento, poderia fazer a checagem do Orçamento com a execução do Orçamento. Então, eu quero deixar isto registrado e dizer que esta outra Emenda de nossa autoria é uma Emenda que gerou muita polêmica aqui nesta Casa. Talvez a maioria dos Vereadores lembre de quando estiveram aqui vários componentes da Brigada Militar, liderados, à época, pelo Comandante do Corpo de Bombeiros, que não é mais agora, lutando por essa Emenda, pela melhoria das condições de trabalho do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre. E tão logo adentrou nesta Casa o Comandante do Corpo de Bombeiros, juntamente com vários dos seus liderados, recebeu ordem superior para retirar-se deste Plenário. No dia posterior a essa votação, apareceu no jornal Zero Hora a foto do Sr. Comandante saindo daqui, pelos fundos, por determinação superior, porque estava aqui reivindicando uma Emenda de autoria deste Vereador, e o seu Comando – por ordem superior – entendeu que não deveria estar aqui.

Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª foi um dos mais ardorosos defensores desta Emenda nesta tribuna, porque, evidentemente, que há dinheiro e dinheiro para determinadas questões. Se há uma corporação que merece respeito, não só desta Câmara, mas que merece de toda a comunidade de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, pelos trabalhos prestados, é a nossa gloriosa Brigada Militar e, muito especialmente, o Corpo de Bombeiros. O Município de Porto Alegre precisa dar a sua contrapartida.

Esteve aqui falando comigo, na semana retrasada, o Sr. André Passos e disse: “Olha, Vereador, a sua Emenda, que o Prefeito vetou, nós já encaminhamos de outra forma. O senhor destinou quase 900 mil para o Corpo de Bombeiros e nós já negociamos com o Corpo de Bombeiros 200 e poucos mil reais e isso está resolvido”.

Eu quero dizer que isso não é sério. Na verdade, em primeiro lugar, tiraram o Comandante do Corpo de Bombeiros por causa desta Emenda. Em segundo, se esse foi o procedimento do Governo e se o Governo quer jogar de forma transparente, acho que ele deveria ter vindo à Presidência da Casa ou na Comissão de Finanças, que era presidida pelo nosso ilustre Ver. Antonio Hohlfeldt, e dizer que já estavam negociando e gostariam de negociar em parceria, em favor do nosso Corpo de Bombeiro.

Por uma questão de justiça, quero sustentar que devemos derrubar este Veto. E por uma questão de justiça devemos afirmar o Poder Legislativo. Nós, por uma questão de justiça, não podemos aceitar as justificativas de Veto do Sr. Prefeito que diz que tira dinheiro do Gabinete, que tira dinheiro da Procuradoria.

Quero alertar esta Casa que a Prefeitura Municipal tem feito dotações orçamentárias no valor de mais de 100 milhões a cada ano. E, portanto, em momento algum, estou convencido de que tirando dinheiro da Procuradoria, tirando dinheiro do Gabinete do Prefeito, o Gabinete do Prefeito ficará sem dinheiro e a Procuradoria ficará sem dinheiro, pelo contrário. Nós sabemos muito bem que o Prefeito Municipal que saiu não mudou essa atitude, e o Prefeito que agora entrou não vai mudar essa atitude, a não ser que nós mudemos a Lei de Diretrizes Orçamentárias e vamos lutar para mudá-la. E vamos lutar para mudar o Orçamento deste ano para que o Prefeito seja limitado a fazer suplementações. Então, por favor, me arrumem outro argumento, ou outros argumentos para justificar o Veto da questão dos bombeiros. Não há nenhuma justificativa! Essa justificativa não nos convence, porque não corresponde à realidade daquilo que faz o Prefeito Municipal. Achamos que a Emenda dos Bombeiros é uma Emenda extremamente justa. E ouvi, aqui, discursos inflamados, desta tribuna, e tenho absoluta certeza de que esses discursos não mudaram, porque a causa continua sendo a mesma. Não há razões para mudar! Não é o argumento sorrateiro de alguém que diz que agora vão dar duzentos e cinqüenta, mas que podia ter negociado de forma tranqüila, com os bombeiros, antes mesmo de chegar o Orçamento nesta Casa.

Então, portanto, nós achamos que esta Emenda precisa ser mantida e o Veto derrubado. Em nome da dignidade desta Casa, que sofreu interferência, sim, quando os bombeiros, de forma legítima, como qualquer organização de trabalhadores, vêm nesta Casa fazer as suas reivindicações, fazer a sua pressão e fazer o seu jogo legítimo, democrático na Casa do Povo.

Portanto, nós queremos afirmar que, mais do que a necessidade, o que é mais importante, além da necessidade, que achamos justa a postulação dos bombeiros, que também seja a afirmação do Legislativo e espero que os mesmo colegas, especialmente os de oposição, em que tive, naquela oportunidade, o apoio da totalidade dos Vereadores que na maioria discursaram, aqui, favoráveis a esta Emenda, que possam, neste momento, afirmar esta Emenda, derrubando o Veto, a favor dos bombeiros, a favor da cidadania, a favor da autonomia dos Poderes, e, acima de tudo, do respeito da relação entre os Poderes, que, na minha avaliação, foi extremamente ferido com essa atitude autoritária de um outro Poder interferir em alguém que veio aqui postular justamente uma emenda para fazer melhorias ao Corpo de Bombeiros, que é uma instituição que merece mais do que respeito, merece o carinho e o nosso aplauso pelo seu trabalho em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Colocamos em votação nominal a alteração decorrente da Emenda n.º 75, aposta PLE n.º 026/01, com Veto Parcial.  (Após a apuração nominal.) REJEITADA por 12 votos SIM e 11 votos NÃO, considerando-se mantido o Veto Parcial a ela aposto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3739/01 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/01,  que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º 027/01, com Veto Parcial. O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, esse Veto Parcial diz respeito à Emenda - se eu não me engano -, n.º 33 do Ver. Haroldo de Souza, que define 200 mil reais retirando do DMLU e passando para a FASC. Essa Emenda tem um problema central, ela não define para onde vão esses 200 mil, além de retirar 40% de uma dotação orçamentária para o DMLU. Então, ele faz a Emenda, não diz para onde vai, para que programa, para que projeto. A FASC pode receber 200 mil e dispor como bem entender de 200 mil reais - isso é impossível - e retira do DMLU 40% de uma dotação orçamentária específica, inviabilizando totalmente aquela dotação.

Então, nós pedimos - em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores – para manter o Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrada a discussão. Em votação nominal o PLE n.º 027/01. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO o PLL n.º 027/01 por 04 votos SIM e 13 votos NÃO, considerando-se mantido o Veto a ele aposto.

Visivelmente, observamos que não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h29min.)

 

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